Torre de celular no espaço: Conheça os novos satélites Starlink (e seus problemas)

Adriano Camargo
Adriano Camargo

Os satélites Starlink da SpaceX, projetados para conexão direta com smartphones, são significativamente mais brilhantes do que os modelos tradicionais, de acordo com pesquisas recentes. Esses novos satélites, conhecidos como Direto-para-Celular (DTC), prometem criar uma "torre de celular no espaço" que oferece serviço direto para smartphones, sem modificações.

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Rede de satélites DTC da Starlink (Imagem: Divulgação)

A luminosidade mais intensa dos DTCs se deve, em parte, à sua órbita mais baixa, a cerca de 350 quilômetros da superfície da Terra, em comparação com os 550 quilômetros dos satélites Starlink convencionais. Essa proximidade aumenta a visibilidade desses satélites, que brilham quase cinco vezes mais no céu. Porém, isso tem causado alguns problemas.

Testes e implementação

Em janeiro de 2024, a SpaceX lançou os primeiros seis satélites DTC e, uma semana depois, utilizou um deles para enviar mensagens de texto. Em maio, a empresa demonstrou uma chamada de vídeo bem-sucedida, em parceria com a T-Mobile, para lançar esse serviço aos clientes ainda este ano.

Atualmente, existem mais de 100 satélites DTC em órbita, incluindo 13 lançados na semana passada. A SpaceX solicitou uma emenda à sua licença junto à Comissão Federal de Comunicações dos EUA para operar até 7.500 satélites DTC em órbita baixa da Terra.

It's always nice waking up to find a #SpaceX #starlink train on the Meteor Cameras from the night before. 🛰️ pic.twitter.com/rGrTAi7Kro

— Wayne Metcalf (@waynepmetcalf) 28 de julho de 2024

Técnicas de mitigação de brilho

Embora os satélites DTC sejam mais brilhantes, a SpaceX ainda não aplicou suas técnicas usuais de mitigação de brilho, como ajustes nos chassis e nos painéis solares para reduzir a iluminação pela luz solar. Essas técnicas, aplicadas aos satélites Starlink desde 2020, têm sido eficazes, reduzindo o brilho em até 10 vezes.

Se aplicadas aos satélites atuais, espera-se que eles ainda sejam 2,6 vezes mais brilhantes do que os Starlinks tradicionais, de acordo com o estudo conduzido por Anthony Mallama, do IAU Centre for the Protection of Dark and Quiet Skies.

Preocupação com a astronomia e riscos de poluição espacial

Os satélites DTC, apesar de mais brilhantes, movem-se mais rapidamente e passam mais tempo na sombra da Terra, o que pode reduzir parcialmente seu impacto negativo nas observações astronômicas. No entanto, a rapidez com que novos satélites estão sendo lançados preocupa os cientistas, não apenas pela poluição luminosa, mas também pelos riscos de colisões em órbita e a crescente quantidade de detritos espaciais.

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Câmera de meteoros na Inglaterra tem dificuldades devido à grande quantidade de rastos de satélite (UK Meteor Network/ Mark and Mary McIntyre)

O especialista John Barentine, consultor da Dark Sky Consulting, alerta para o potencial aumento de emissões de rádio dos DTCs, que podem interferir com bandas de rádio protegidas para astronomia. Além disso, o aumento de objetos orbitando a Terra pode levar a consequências graves tanto no espaço quanto na atmosfera terrestre.

A velocidade com que a SpaceX e outras empresas estão lançando satélites pode ultrapassar a capacidade das políticas espaciais de acompanhar e regular essas atividades, levando a possíveis desastres em órbita e impactos ambientais significativos.

FIQUE POR DENTRO!

Adriano Camargo
Adriano Camargo
Jornalista especializado em tecnologia há cerca de 20 anos, escreve textos, matérias, artigos, colunas e reviews e tem experiência na cobertura de alguns dos maiores eventos de tech do mundo, como BGS, CES, Computex, E3 e IFA.
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