Tesla interrompe venda de carros de luxo nos EUA após novas tarifas chinesas

Adriano Camargo
Adriano Camargo

A Tesla suspendeu a venda de novos pedidos dos modelos Model S e Model X na China, após o governo chinês anunciar a elevação de tarifas de importação para produtos norte-americanos. A medida, que atinge diretamente veículos produzidos nos Estados Unidos, foi anunciada pelo Ministério do Comércio da China como parte de uma retaliação às tarifas aplicadas pelos EUA, e passa a vigorar neste sábado, 12 de abril.

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Tarifas estão atrapalhando nos negócios da Tesla (Imagem: Divulgação/Unsplash)

De acordo com o site da Tesla na China, os modelos afetados são os únicos da linha da empresa que ainda são importados da fábrica de Fremont, na Califórnia. O botão de pedido foi retirado da página de ambos os veículos. Ainda é possível adquirir unidades já em estoque, mas não será possível fazer novos pedidos desses modelos importados.

Tarifas e mais tarifas

A nova tarifa de importação de 125% imposta pela China atinge uma ampla gama de produtos dos Estados Unidos, incluindo veículos elétricos. Segundo informações da agência Reuters, essa decisão do governo chinês é uma resposta à política tarifária dos EUA, que elevou para 100% as taxas sobre carros elétricos chineses importados.

Enquanto o Model S e o Model X deixam de ter novas vendas na China, a Tesla mantém a produção local dos modelos Model 3 e Model Y em sua fábrica de Xangai. A Gigafactory, inaugurada em 2020, foi a primeira planta da Tesla fora dos EUA e hoje é responsável por atender tanto o mercado interno quanto a exportação para outros países.

Dados da Associação Chinesa de Carros de Passageiros indicam que, em março, as vendas dos modelos fabricados localmente pela Tesla caíram 11,5% em relação ao ano anterior. A montadora enfrenta crescente concorrência de fabricantes locais, como a BYD, que teve aumento de 23% nas vendas no mesmo período.

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Empresa enfrenta dificuldades pela concorrência e tarifas (Imagem: Tesla/Divulgação)

Em paralelo às tensões tarifárias, a Tesla também enfrenta uma desaceleração global nas vendas. No primeiro trimestre de 2025, a empresa vendeu 336.681 veículos, uma queda de 13% em comparação ao mesmo período de 2024. O número ficou abaixo das estimativas de analistas, que previam entre 355 mil e 360 mil unidades.

A performance da empresa tem sido afetada por fatores externos e internos. A associação de Elon Musk com o governo dos EUA e a falta de renovação de modelos, como o Model Y lançado em 2020, são apontados por analistas como fatores que influenciam o desempenho. A recém-lançada picape Cybertruck também ficou aquém das expectativas de mercado, e passou por um recall de mais de 46 mil unidades devido a falhas estruturais.

Na Europa, a tendência de queda nas vendas também se repete. Em março, as entregas caíram 36,8% na França, 63,9% na Suécia e 56% na Dinamarca. Nos dois primeiros meses de 2025, os emplacamentos da Tesla na União Europeia caíram 49%, representando apenas 1,1% de participação de mercado, de acordo com a Associação de Construtores Europeus de Automóveis (ACEA).

Com o endurecimento da guerra comercial entre EUA e China e o avanço de rivais locais e internacionais, a Tesla enfrenta desafios crescentes para manter sua posição de destaque no setor de veículos elétricos.

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Adriano Camargo
Adriano Camargo
Jornalista especializado em tecnologia há cerca de 20 anos, escreve textos, matérias, artigos, colunas e reviews e tem experiência na cobertura de alguns dos maiores eventos de tech do mundo, como BGS, CES, Computex, E3 e IFA.
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