O mercado brasileiro de delivery de comida está prestes a enfrentar uma reviravolta. A 99, subsidiária da chinesa DiDi Global, anunciou nesta semana o relançamento do 99Food, serviço de entrega de refeições que havia sido descontinuado em 2023. Com um investimento de R$ 1 bilhão, a plataforma pretende desafiar o domínio do iFood, que controla cerca de 70% do setor no país.

A estratégia inclui a criação de um super app integrado, seguindo o modelo asiático, que combinará serviços de transporte, pagamentos digitais (via 99Pay) e delivery de alimentos. Stephen Zhu, presidente do grupo internacional da DiDi, destacou durante reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin que a meta é oferecer preços mais competitivos e ampliar a rede logística, aproveitando os 1,5 milhão de motoristas e entregadores já cadastrados na plataforma.
Retorno interessante
O 99Food não é novidade no Brasil: operou entre 2019 e 2023, chegando a 59 cidades e 114 mil restaurantes cadastrados. Seu fracasso anterior foi atribuído à concorrência acirrada e à priorização de outros serviços, como o transporte de passageiros. Agora, a empresa aposta na infraestrutura consolidada em 3.300 municípios e na integração com seu ecossistema de mobilidade para reconquistar espaço.

O retorno do 99Food ocorre em um momento de mudanças regulatórias. Em 2023, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) proibiu o iFood de firmar contratos de exclusividade com redes de mais de 30 estabelecimentos, abrindo espaço para concorrentes. A medida facilitou a reinserção da 99, que agora promete comissões menores para restaurantes e benefícios como pagamentos rápidos para entregadores.
Mais concorrentes de peso
A disputa pelo mercado brasileiro, que movimentou R$ 110,7 bilhões em 2023 apenas pelo iFood, ganha ainda mais disputa com a possível chegada de outra gigante: a chinesa Meituan. Maior plataforma de delivery do mundo, com 30 bilhões de entregas anuais, a empresa negocia parcerias logísticas locais e planeja entrar no país ainda em 2025.

Enquanto isso, o iFood mantém sua hegemonia, com 55 milhões de usuários, 380 mil estabelecimentos parceiros e transações mensais de R$ 8 bilhões. A plataforma, controlada pela holandesa Prosus, também expandiu seu alcance para entregas de farmácia e supermercado, consolidando-se como um player multifuncional.
Especialistas apontam que a concorrência tende a beneficiar consumidores, com possíveis reduções de preços e melhoria na qualidade dos serviços. Além disso, o setor segue em crescimento: projeções indicam expansão anual de 7% até 2029 no Brasil, impulsionada por tecnologias como IA e dark kitchens.
A reabertura do jogo do delivery brasileiro ainda reserva incógnitas. Se a 99 conseguirá desafiar a liderança do iFood e como a Meituan se posicionará são questões que definirão os próximos capítulos dessa batalha bilionária.
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