"Portão para o inferno": cratera na Sibéria se expande rapidamente e preocupa cientistas

 William Schendes
William Schendes

A cratera Batagaika, também conhecida como “Portal para o Inferno”, está localizada na cordilheira Chersky na região nordeste da Sibéria, e é considerada a maior queda de degelo retrogressivo (RTS, na sigla em inglês) do mundo, com mais de 87 hectares (cerca de 870 mil metros quadrados) - dados registrados em 2023.

Como explica o New Atlas, a Batagaika não é exatamente uma cratera, mas, na verdade, uma depressão termocástica, um tipo de formação que acontece quando após o derretimento do permafrost — camada de subsolo da crosta terrestre permanece congelada por longos períodos.

Batagaika portão do inferno
(Imagem: Reprodução/ THE SPACESHIP EARTH PROJECT)

A formação foi descoberta em 1991 e tem se expandido em cerca de 35 milhões de pés cúbicos por ano, aproximadamente um milhão de metros cúbicos por ano, conforme revelou um estudo recente publicado na revista Geomorphology. O vídeo abaixo mostra a evolução do Batagaika desde 1991 até 2017.

Os pesquisadores calculam que o Batagaika está congelado há 650 mil anos e tem cerca de 50 metros de profundidade - com áreas que chegam a até 100 metros.

A rápida degradação do Batagaika causa preocupação, pois a matéria orgânica presente, que não é mais preservada pelo gelo, decompõe-se, liberando carbono e metano na atmosfera e aumentando ainda mais o aquecimento atmosférico.

Conforme reportou a agência de notícias alemã Deutsche Welle, estimasse que o degelo do Batagaika libera cerca de 5 mil toneladas de carbono por ano. Pesquisadores calculam que a formação liberou cerca de 169,5 mil toneladas de carbono orgânico desde 1970.

A degradação também resulta em problemas de infraestrutura nas regiões próximas, como encurvadura de estradas e casas.

Além disso, o aumento desta formação pode liberar insetos antigos e vírus de mais de 50 mil anos em estado de dormência. Como destaca o New Atlas, acredita-se que, em 2016, um degelo de permafrost liberou o Bacillus anthracis, uma bactéria causadora do antraz, infecção que causou matou cerca de 2.649 renas na Sibéria.

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 William Schendes
William Schendes
Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Escreve sobre tecnologia, games e ciência desde 2022. Tem experiência com hard news, mas também produziu artigos, reportagens, reviews e tutoriais.
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