Polêmica: IA chinesa DeepSeek é banida da Itália

Adriano Camargo
Adriano Camargo

A inteligência artificial chinesa DeepSeek, que lidera o ranking de downloads nos EUA, enfrenta seu primeiro grande revés: a Itália proibiu o acesso ao serviço nesta semana. A decisão, anunciada pela autoridade de proteção de dados do país, alega falta de transparência no tratamento de informações de usuários. O bloqueio ocorreu após investigações preliminares apontarem respostas "totalmente insuficientes" sobre coleta, armazenamento e possível transferência de dados para a China.

DeepSeek banido Italia
App é bloqueado na Itália (Imagem: TechShake)

O anúncio italiano coincidiu com uma queda histórica nos mercados globais na última segunda-feira (27). O Nasdaq recuou 3,4%, seu quarto pior desempenho em dois anos, enquanto o S&P 500 caiu 1,5%. Empresas de tecnologia como Nvidia, Broadcom e TSMC tiveram perdas bilionárias — a primeira registrou queda de 17%, maior baixa diária de uma empresa pública na história, segundo a Bloomberg.

Apesar da turbulência, o DeepSeek mantém-se como o app gratuito mais baixado da App Store nos EUA. A ferramenta, que oferece serviços de IA generativa a custos até 80% menores que concorrentes ocidentais, como OpenAI e Google, virou símbolo da competitividade chinesa no setor. Especialistas destacam que o modelo desafia a narrativa de que a China está atrás na corrida pela IA, levantando debates sobre investimentos bilionários em alternativas locais.

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A proibição na Itália reacendeu comparações com o TikTok, plataforma chinesa banida em dispositivos governamentais de países como EUA e Canadá por riscos à segurança. Diferentemente do caso do TikTok, porém, a restrição ao DeepSeek não envolve acusações de espionagem, mas questionamentos técnicos sobre conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da UE.

A autoridade italiana exigiu esclarecimentos sobre fontes de dados, finalidade de uso e localização dos servidores — informações que, segundo a empresa, estão em processo de revisão.

Analistas apontam que o movimento reflete um cenário global de desconfiança em relação a tecnologias chinesas. Enquanto a Europa prioriza regulamentações rígidas, os EUA discutem medidas para limitar investimentos em IA estrangeira, expondo uma "nova guerra fria tecnológica", onde controle de dados e soberania digital são armas estratégicas.

O futuro do DeepSeek permanece incerto. Seu sucesso comercial, porém, já força uma revisão de prioridades: executivos do Vale do Silício, em reportagem do Wall Street Journal, admitem pressão para reduzir custos de desenvolvimento de IA. Enquanto isso, a Comissão Europeia estuda ampliar investigações sobre modelos de IA estrangeiros, sinalizando que a onda regulatória está apenas começando.

Resta saber se a ferramenta seguirá o caminho do TikTok ou se adaptará às exigências globais — e a quais preços.

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Adriano Camargo
Adriano Camargo
Jornalista especializado em tecnologia há cerca de 20 anos, escreve textos, matérias, artigos, colunas e reviews e tem experiência na cobertura de alguns dos maiores eventos de tech do mundo, como BGS, CES, Computex, E3 e IFA.
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