PC gamer chinês "com ar-condicionado" alcança 2°C com RTX 4090

Adriano Camargo
Adriano Camargo

Um experimento incomum realizado por uma entusiasta chinesa chamou a atenção da comunidade de hardware ao utilizar nada menos que um ar-condicionado convencional de 12.000 BTUs para resfriar um computador com componentes topo de linha.

O sistema, equipado com uma placa de vídeo GeForce RTX 4090 e um processador Intel Core i9-13900K, registrou temperaturas de até 2°C no hotspot da GPU durante testes intensos, como o FurMark. O feito foi documentado em uma rede social chinesa e discutido em diversos fóruns especializados, como o Tom's Hardware e o Wccftech.

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Temperatura de apenas 2ºC (Imagem: BiliBili)

A RTX 4090, conhecida por consumir até 500W de energia sob carga máxima, opera normalmente entre 60°C e 80°C com sistemas de resfriamento tradicionais. No experimento, a entusiasta posicionou o ar-condicionado fora do ambiente, direcionando o fluxo de ar frio diretamente para dentro do gabinete. Embora os detalhes técnicos sobre o resfriamento do processador não tenham sido divulgados, o resultado na GPU superou expectativas — mesmo gerando debates sobre riscos de condensação.

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Setup utilizado, com RTX 4090 + i9-13900K (Imagem: BiliBili)

Próximos testes

A próxima etapa do projeto é ainda mais ambiciosa: a chinesa planeja usar o mesmo método para resfriar uma futura GeForce RTX 5090 combinada com um Intel Core i9-14900K. A combinação desses componentes pode demandar até 1.000W de energia, segundo cálculos.

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Próximo projeto, com uma RTX 5090 (Imagem: BiliBili)

Essa iniciativa chamou a atenção ao levantar questões importantes sobre a viabilidade de soluções, digamos, nada convencionais para dissipação de calor em um hardware de alto desempenho, além do elevado consumo de energia.

Especialistas apontam alguns desafios. O uso de ar-condicionado em resfriamento extremo consome até 15 vezes mais energia do que sistemas de liquid cooling ou os modelos tradicionais a ar. Além disso, temperaturas muito baixas - abaixo do ponto de orvalho - podem formar umidade no interior do PC, o que pode danificar os componentes.

Um estudo da Nvidia divulgado em 2023 recomenda que GPUs operem acima de 10°C para evitar degradação prematura, o que coloca em xeque a segurança do experimento chinês a longo prazo.

Apesar das críticas, o experimento reflete uma busca crescente por métodos bastante criativos de resfriamento, impulsionada pelo aumento no TDP de componentes. A AMD e a Intel já sinalizaram que próximas gerações de CPUs e GPUs exigirão soluções térmicas ainda mais eficientes, o que causa alguma preocupação nos usuários. Enquanto isso, fabricantes como a Corsair e a NZXT investem no desenvolvimento de coolers de alta capacidade.

Iniciativas como essa, ainda que "divertidas", são impressionantes e servem mais como demonstração técnica do que como modelo prático para usuários comuns. Resta saber quais soluções a indústria adotará diante de custos energéticos e ambientais.

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Adriano Camargo
Adriano Camargo
Jornalista especializado em tecnologia há cerca de 20 anos, escreve textos, matérias, artigos, colunas e reviews e tem experiência na cobertura de alguns dos maiores eventos de tech do mundo, como BGS, CES, Computex, E3 e IFA.
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