Nova forma de magnetismo pode ser próximo grande salto da ciência

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo

Pesquisadores liderados pela Universidade de Cambridge identificaram uma nova forma de magnetismo no elemento grafeno magnético. A descoberta pode ser fundamental para o estudo de fenômenos como o magnetismo de baixa dimensão e a supercondutividade.

Uma maior compreensão dos temas podem permitir que os pesquisadores sejam os responsáveis pelos próximos grandes saltos da ciência e da engenharia de material, como o desenvolvimento de novas tecnologias que podem, por exemplo, revolucionar a forma como computadores processam informações.

Pesquisa pode ajudar na compreensão de novos estados magnéticos e supercondutividade

FePS3
Imagem: University of Cambridge

Publicada na revista Physical Review X, a pesquisa da Universidade de Cambridge utilizou técnicas de alta pressão para analisar e controlar a condutividade e o magnetismo do tiofosfato de ferro (FePS3), também conhecido como grafeno magnético. Essa análise foi feita durante o processo pelo qual o material bidimensional é capaz de passar de isolante para metal, sob condições de pressão ultra-alta.

Contrariando resultados anteriores, ao alcançar suas características metálicas o FePS3 se manteve magnético. A recente descoberta da fase magnética de alta pressão dá pistas aos pesquisadores acerca de como funciona a condução elétrica na fase metálica. E o estudo pode ser o primeiro passo para compreender a física de novos estados magnéticos e da supercondutividade.

E por que isso é importante? Descoberta em 1911 pelo físico holandês Heike Kamerlingh Onnes, a supercondutividade é uma propriedade física de certos materiais que podem se tornar condutores de corrente elétrica com quase nenhuma ou nenhuma perda, criando campos de fluxo magnéticos no metal. Até o momento, contudo, a supercondutividade só é alcançada quando esses materiais são expostos a temperaturas extremamente baixas.

Atualmente, os supercondutores são usados para produzir os chamados super ímãs. A partir dos super ímãs, foi possível a criação da ressonância magnética, por exemplo, que evita a exposição de pacientes a radiações e alcança boas imagens. A resistência nula dos supercondutores também é de grande interesse para a indústria de aparelhos elétricos. Mas esses materiais precisam ser mantidos em baixas temperaturas, o que ainda dificulta sua utilização. Compreender novos estados magnéticos e novos caminhos para a supercondutividade, portanto, seria revolucionário.

Co-autor da pesquisa e líder do grupo no Laboratório Cavendish, o Dr. Siddharth Saxena explicou que, "se conseguirmos encontrar um tipo de supercondutividade relacionada ao magnetismo em um material bidimensional, isso poderá nos dar a chance de resolver um problema que já existe há décadas." Os pesquisadores seguem na busca pela supercondutividade no grafeno magnético.

Descobertas podem mudar o processamento de informações em computadores

Ao alcançar uma compreensão de fenômenos como o magnetismo de baixa dimensão e a supercondutividade, os pesquisadores podem dar grandes saltos na ciência e na engenharia de materiais. E isso futuramente pode ter grandes reflexos em áreas como eficiência energética, geração e armazenamento.

O estudo liderado pela Universidade de Cambridge sugeriu uma forma para que novos materiais pudessem combinar propriedades de condução e magnéticas. Alcançar essa combinação poderia ser útil para o desenvolvimento de novas tecnologias, como a spintrônica. A tecnologia spintrônica propõe o uso de uma corrente de spin (parte do elétron que é fonte do magnetismo) em vez de corrente elétrica convencional, em áreas como processamento e armazenamento de informação. Alcançá-la, portanto, pode transformar a maneira como computadores processam informações.

O Dr. Matthew Coak, primeiro autor da pesquisa e pesquisador do Laboratório Cavendish de Cambridge e da Universidade de Warwick, destacou a possibilidade de alterar todas as propriedades de um material ao adicionar o magnetismo. "Um material que poderia ser mecanicamente flexível e formar um novo tipo de circuito para armazenar informações e realizar cálculos. É por isso que esses materiais são tão interessantes e porque mudam drasticamente suas propriedades quando colocados sob pressão para que possamos controlar seu comportamento", explicou na publicação.

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Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora ávida de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades deste mundo.
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