Milhares de cientistas estão trocando Twitter por outras redes sociais

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo

Uma pesquisa realizada pela Nature, renomada página de artigos de ciência, revelou que milhares de cientistas estão trocando o Twitter/X por outras redes sociais. De acordo com os dados apurados, os ex-usuários já não confiavam na plataforma.

Por que os cientistas estão deixando o Twitter?

Mudanças no Twitter/X prejudicaram credibilidade da rede (Imagem: Shutterstock / KLYONA)

Desde que assumiu o controle da rede social em 2022, Elon Musk já fez várias mudanças que não foram bem recebidas pelo público. Algumas delas foram: demissões, redução de moderação do conteúdo, criação de contas pagas que prejudicaram o sistema de verificação do selo azul e limite do número de tweets que os usuários podem ver.

Segundo declarações de alguns dos cientistas entrevistados pela Nature, essas mudanças acabaram resultando em um grande aumento do número de trolls e na proliferação de informações falsas. Antes os cientistas usavam a plataforma para compartilhar seus trabalhos. Agora já não querem estar ligados a um ambiente no qual a desinformação cresceu tanto.

A pesquisa realizada pela Nature contou com respostas de 9.200 cientistas que eram ou ainda são usuários do Twitter/X. De acordo com os dados apurados:

  • Mais de 50% dos entrevistados diminuíram o tempo que passavam na plataforma nos últimos 6 meses
  • 46,1% dos entrevistados (4.239) abriram contas em outras redes sociais
  • 6,7% dos entrevistados (610) pararam de usar o Twitter completamente

Entre os motivos citados pelos participantes da pesquisa para estarem trocando o Twitter por outras redes, também ganharam destaque o maior número de contas falsas e o crescimento de discurso de ódio, com este último chegando a envolver negacionismo científico e racismo.

Para onde os cientistas estão indo e novos desafios

A pesquisa da Nature também apurou para quais outras redes sociais os cientistas que estão deixando Twitter estão migrando. Dos 9.200 participantes, 4.239 (46,1%) já abriram contas em outras redes. Até o momento, as opções mais populares são Mastodon, LinkedIn, Instagram, Threads e Facebook.

  1. Mastodon - 46,9% (1.976)
  2. LinkedIn - 34,8% (1.467)
  3. Instagram - 27,6% (1.161)
  4. Threads - 24,9% (1.048)
  5. Facebook - 22,4% (942)

Embora estejam encontrando novas saídas, os cientistas que migram do Twitter têm uma nova preocupação: um cenário de comunicação fragmentado para a comunidade científica. Conforme aponta Inger Mewburn, pesquisadora de educação e tecnologia da Australian National University em Canberra, o Twitter oferecia a vantagem de ser a principal plataforma para pesquisadores.

"As pessoas simplesmente acessavam aquela hashtag e viam todo mundo falando sobre um interesse muito particular”, explicou ela a Nature. Se outra rede social não conseguir de fato ocupar o espaço do Twitter (a Threads está tentando), os pesquisadores precisarão verificar vários apps para conseguir dados que antes encontravam em um único lugar.

Perder os cientistas no Twitter terá mais consequências negativas

A continuidade desse movimento de saída dos cientistas do Twitter pode ter outras consequências negativas não apenas para a comunidade científica ou para a plataforma, mas também para a população em geral.

Em meio a tantas notícias falsas e desinformação, os cientistas eram algumas das pessoas que seguiam lutando para circular informações corretas e comprovadas. Sua retirada do Twitter deixa um espaço para a desinformação se propagar. E isso pode afetar os demais usuários da rede.

Outra consequência afetaria diretamente a comunidade científica, que viu no Twitter uma ferramenta para ampliar diversidade, inclusão e equidade na academia. A possibilidade de perder um senso de comunidade que a plataforma acabou proporcionando é algo que preocupa os cientistas, principalmente grupos sub-representados.

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Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora ávida de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades deste mundo.
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