A Microsoft revelou o Majorana 1, seu primeiro chip de computação quântica, marcando um avanço na disputa global por supremacia nessa tecnologia. O dispositivo, que utiliza partículas subatômicas descritas em 1937 pelo físico Ettore Majorana, promete superar os limites dos computadores clássicos em simulações científicas e industriais.
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Qubits topológicos: a chave para a estabilidade
Diferente dos qubits tradicionais — unidades de informação quântica suscetíveis a interferências —, o Majorana 1 emprega partículas Majorana para criar "qubits topológicos", mais estáveis e menos propensos a erros. Segundo a Nature, onde o estudo foi publicado, a Microsoft desenvolveu um material inédito à base de arsenieto de índio e alumínio para controlar essas partículas.
A abordagem, segundo a empresa, permitirá escalar o chip para até 1 milhão de qubits, número inédito no setor.
Concorrência acirrada no setor quântico
Enquanto IBM e Google focam em qubits supercondutores (com 433 e 72 qubits, respectivamente, segundo dados), a Microsoft aposta na topologia para reduzir taxas de erro. Especialistas consultados destacam que a estabilidade dos qubits topológicos pode acelerar a criação de computadores quânticos "tolerantes a falhas", essenciais para aplicações práticas.
A IBM, porém, já oferece serviços quânticos na nuvem desde 2016, enquanto a Microsoft ainda não tem um protótipo funcional.
Fotocondutor inédito e desafios técnicos
O avanço foi possível graças a um "fotocondutor" desenvolvido pela empresa, capaz de manipular as partículas Majorana. A tecnologia permite isolar e controlar os qubits em escala nanométrica. Apesar do otimismo, manter a coerência quântica em milhões de qubits ainda é um grande desafio. A Microsoft não divulgou prazos para testes comerciais, mas afirmou que um protótipo funcional deve surgir "em anos, não décadas".
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Aplicações práticas e investimentos bilionários
Caso seja escalável, o Majorana 1 poderá revolucionar áreas como descoberta de medicamentos, modelagem climática e criptografia. Dados indicam que governos e empresas já investiram US$ 35 bilhões (cerca de R$ 203 bilhões) em computação quântica desde 2020. A Microsoft integra esse grupo, com um programa de pesquisa de 17 anos, citado por Zulfi Alam, vice-presidente de Quantum da empresa, como "o mais longo da nossa história".
Próximos passos
A comunidade científica celebra o avanço, mas especialistas ainda questionam a viabilidade de integrar 1 milhão de qubits sem perda de desempenho. Enquanto isso, a Microsoft planeja colaborar com universidades e parceiros industriais para validar a tecnologia. Relatórios da Gartner sugerem que os primeiros computadores quânticos comerciais só surgirão após 2030, cenário que a empresa está tentando antecipar.
Com o anúncio, a Microsoft posiciona-se na vanguarda de uma corrida que redefine os limites da computação. Resta saber se a promessa de qubits topológicos resistirá aos testes de escala — um desafio que, se superado, poderá reescrever o futuro da ciência e da indústria.
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