Malware Grandoreiro, a grande ameaça dos bancos, está de volta; Brasil é alvo

 William Schendes
William Schendes

Em janeiro deste ano, a Polícia Federal realizou mandados de prisão temporária e de busca e apreensão em estados como São Paulo, Santa Catarina, Pará, Goiás e Mato Grosso do Sul em uma investigação do grupo de cibercriminosos que operavam a infraestrutura do malware bancário Grandoreiro.

Junto de pesquisadores de segurança cibernética e autoridades internacionais — como a Polícia Nacional da Espanha e Interpol —, a PF conseguiu interromper a operação do malware que tinha como alvo países de língua espanhola. De acordo com a PF, o grupo é suspeito de movimentar cerca de 3,6 milhões de euros desde 2019.

Porém, este não foi o fim da campanha cibercrimina. Recentemente, a equipe de pesquisadores da IBM relatou que o malware voltou a operar a partir de março de 2024. Agora, como reportou o Bleeping Computer, os agentes maliciosos também estão visando atacar países de língua inglesa.

Malware Grandoreiro, a grande ameaça de bancos, está de volta; Brasil é alvo
(Imagem gerada por IA - Microsoft Designer)

Mais de 60 países são alvo do Grandoreiro

Da mesma forma que era operado anteriormente, a campanha do Grandoreiro está sendo disseminada via golpes de phishing e são criadas especificamente para cada instituição financeira. Nos e-mails vistos pela IBM, os criminosos se passam por entidades governamentais do México, Argentina e África do Sul, relacionadas a administração tributária, serviços fiscais e de eletricidade.

A equipe X-Force da IBM relata que a nova variante desse malware visa realizar fraudes financeiras em mais de 1.500 bancos globais de mais de 60 países, incluindo América Central e Sul, África, Europa, Indo-Pacífico e mais.

Bancos que foram alvo do Grandoreiro
Número de aplicativos bancários afetadas por país. O Brasil teve 52 bancos afetados (Imagem: IBM)

As comunicações são escritas no idioma da vítima e contam com logotipos e é bem formatado. Como é possível conferir na imagem abaixo, os e-mails fraudulentas pedem que a vítima realiza uma ação como clicar em links para visualizar faturas, extratos de conta, documentos, etc.

Como funciona o malware

Grandoreiro é um trojan bancário para Windows, identificado pela primeira vez em 2020, que tem sido uma grande ameaça para usuários que falam espanhol desde 2017. Ele monitora atividades bancárias no navegador e se comunica com servidores de comando e controle quando detecta tais atividades.

Os invasores interagem manualmente com o malware para realizar roubos financeiros, usando técnicas como janelas pop-up falsas, simulação de entradas de mouse e teclado, transmissão ao vivo da tela da vítima, bloqueio de visualização local e registro de teclas digitadas.

Grandoreiro está mais forte

Conforme listou o Bleeping Computer, o Grandoreiro foi reforçado pelos cibercriminosos incluindo novos recursos que tornam mais difícil detectá-lo. Essas novidades incluem:

  • Descriptografia aprimorada: o trojan agora usa um algoritmo de descriptografia melhorado que combina AES CBC com um decodificador personalizado.

  • Geração de domínios: o algoritmo de geração de domínios (DGA) foi atualizado para usar múltiplas sementes, separando melhor as comunicações entre comandos e tarefas.

  • Alvo no Outlook: um novo recurso desativa alertas de segurança no Microsoft Outlook e o utiliza para enviar e-mails de phishing.

  • Persistência: o malware agora se mantém ativo criando chaves no registro do Windows.

  • Aplicações bancárias e criptomoedas: o trojan expandiu seu alcance para incluir mais aplicativos bancários e carteiras de criptomoedas.

  • Comandos ampliados: agora inclui controle remoto, upload/download de arquivos, registro de teclas digitadas e manipulação do navegador via JavaScript.

  • Perfis de vítimas: o Grandoreiro pode criar perfis detalhados das vítimas para decidir se deve ser executado no dispositivo, permitindo um controle mais preciso.

FIQUE POR DENTRO!

 William Schendes
William Schendes
Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Escreve sobre tecnologia, games e ciência desde 2022. Tem experiência com hard news, mas também produziu artigos, reportagens, reviews e tutoriais.
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