Intel 18A vs TSMC 2nm: guerra de nanômetros define futuro dos chips

Adriano Camargo
Adriano Camargo

A Intel revelou nesta semana detalhes técnicos do seu processo de fabricação 18A, que promete redefinir a competição global na fabricação de chips. Durante o simpósio VLSI 2025, a empresa divulgou que o novo padrão de fabricação (nó) alcança 25% de ganho de velocidade e 36% de redução no consumo energético em comparação com a geração anterior (Intel 3), quando testado em chips baseados na arquitetura Arm.

Intel 18A TSMC chip 1
(Imagem: Intel)

O 18A introduz duas tecnologias-chave importantes:

  1. RibbonFET: Transistores do tipo Gate-All-Around (GAA), que substituem os tradicionais FinFET. A estrutura em "fitas" permite controle preciso da corrente, melhorando eficiência e miniaturização.

  2. PowerVia: Sistema de alimentação elétrica pela parte traseira do wafer, a primeira do setor em escala comercial. A tecnologia reduz quedas de tensão em até 4%, liberando espaço para interconexões de sinal e aumentando a densidade dos chips em 30% em relação à geração anterior.

Concorrência com a TSMC

O 18A posiciona-se como rival direto do processo N2 (2nm) da TSMC, previsto para 2026. Dados internos da Intel sugerem que o 18A possui densidade de SRAM equivalente ao N2, com vantagem em performance por watt. A TSMC, porém, mantém liderança no cronograma: seu N2 entrará em produção em massa este ano, enquanto o 18A só atingirá high-volume manufacturing (HVM) posteriormente.

Intel 18A capa 1

Primeiros Produtos e Estratégia de Mercado

O Panther Lake, processador para PCs com foco em IA, será o primeiro a utilizar o nó 18A, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2025. Já o Clearwater Forest, voltado para servidores, chegará em 2026 com até 288 núcleos de eficiência. A Intel também confirmou que 70% de seus próprios chips migrarão para o 18A até 2026, incluindo parte do Nova Lake, futuro flagship para desktops.

Apesar do otimismo, analistas destacam alguns obstáculos:

  • A TSMC já conta com clientes como Apple, NVIDIA e AMD para seu N2, enquanto a Intel busca atrair parceiros externos. Recentemente, a NVIDIA e a IBM iniciaram testes com o 18A, mas sem compromissos públicos.

  • O processo 20A, antecessor do 18A, foi descontinuado em 2024 para priorizar recursos, levantando dúvidas sobre a capacidade da Intel em manter roadmaps agressivos.

  • A meta de produzir 70% dos chips internamente depende de investimentos contínuos em fábricas nos EUA e Europa, onde subsídios governamentais são cruciais.

Impacto global e geopolítica

A batalha entre Intel e TSMC reflete a corrida por soberania tecnológica. Enquanto a TSMC planeja ter 30% de sua capacidade de 2nm nos EUA até 2028, a Intel aposta no 18A como âncora para reconquistar participação no mercado de foundry, hoje dominado por asiáticos. A empresa já recebeu nove contratos iniciais para o 18A, incluindo dois dos maiores provedores de nuvem globais.

Se o 18A cumprir suas promessas, poderá reequilibrar o setor. Porém, o sucesso dependerá de fatores como:

  • Ramp-up de produção: A fábrica do Arizona, dedicada ao 18A, precisa operar em escala sem atrasos.

  • Custos competitivos: O N2 da TSMC já enfrenta críticas por preços elevados; o 18A precisará evitar essa armadilha para atrair clientes além do ecossistema Intel.

  • Inovação contínua: A TSMC já prepara o A14 para 2028, com backside power delivery integrado, enquanto a Intel avança para o início do desenvolvimento do 14A em 2026.

Enquanto isso, o setor observa: a guerra dos nanômetros está longe do fim, e cada avanço redefine quem dita as regras na era da computação e da IA generativa.

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Adriano Camargo
Adriano Camargo
Jornalista especializado em tecnologia há cerca de 20 anos, escreve textos, matérias, artigos, colunas e reviews e tem experiência na cobertura de alguns dos maiores eventos de tech do mundo, como BGS, CES, Computex, E3 e IFA.
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