Influencers usam IA para criar clones e lucrar mais na China

Taysa Coelho
Taysa Coelho

Influenciadores digitais estão usando a tecnologia de inteligência artificial para criar clones deles mesmos na Ásia. O objetivo é ganhar mais visibilidade e aumentar os lucros em vendas online.

Uma das polêmicas mais recentes envolve o influencer taiwanês Chen Yi-Ru. Em setembro, o rapaz transmitiu um vídeo durante 15 horas, onde comia pés de galinha sem parar.

No entanto, algumas falhas na imagem levantaram suspeitas dos seguidores, como um erro na perna da mesa, que parecia perfurar o seu braço. Foram poucos os que notaram um alerta na tela que avisava: “Apenas para fins de exibição, não é uma pessoa real”.

Influencer taiwanês usa clone de inteligência artificial para comer pés de galinha por 15 horas
Falha em vídeo gerado por IA (Reprodução/YouTube)

Apesar de a frase eximir o influenciador da acusação de enganar as pessoas, muitos não gostaram da situação. Em apenas dois dias, perdeu cerca de 10 mil seguidores. O que pode ser pouco, diante dos mais de 9 milhões que tem na rede social Weibo (uma espécie de Twitter chinês).

Chen Yi-Ru, no entanto, não está sozinho.

Influenciadores digitais dominam as madrugadas

Segundo o site de tecnologia MIT Technology Review, durante a madrugada, é comum ver apresentadores gerados por inteligência artificial comandando canais de streaming das principais plataformas de venda online na China.

Por lá, o mercado de vendas online por streaming gera trilhões de dólares anualmente. Algumas personalidades da internet mais famosas conseguem vender milhões de dólares em questões de horas. Elas testam produtos, provam roupas, tiram dúvidas, oferecem cupons de desconto, enquanto são assistidas, ao vivo.

Os clones criados por inteligência artificial chegam como uma possibilidade de aumentar os lucros. Afinal, a figura do influencer gerada por IA pode vender um produto por 24 horas sem parar a um custo reduzido.

Crie seu clone por menos de R$ 5 mil

A evolução da tecnologia tem tornado não apenas mais fácil, mas, também, bem mais barata a criação desses clones digitais. Atualmente, há várias empresas startups dedicadas a oferecer o serviço de clones digitais realistas na China.

Segundo o site MIT Technology Review, uma dessas empresas, a Silicon Intelligence cobra cerca de US$ 1.100 (aproximadamente R$ 5.400) para criar um modelo básico de inteligência artificial, incluindo um ano de manutenção. No entanto, a versão mais sofisticada, como as usadas por streamers, podem multiplicar esse valor em dezenas de vezes.

Modelo de clone gerado por inteligência artificial gerado por empresa chinesa
Modelo de clone gerado por inteligência artificial gerado pela empresa Silicon Intelligence

Já a rival Xiaoice, cobra US$ 1 mil (cerca de R$ 4.900) pelo modelo básico - valor que pode ser ajustado de acordo com exigências extras do cliente.

O trabalho também foi reduzido. Se há dois anos era necessário um vídeo de amostragem de cerca de 30 minutos, atualmente, basta uma gravação de somente um minuto para criar o seu avatar.

Realismo pode impressionar

Os modelos econômicos dos clones digitais podem não ser tão realistas. Mas, mesmo assim, têm sido usados por empresas de e-commerce para obter lucros com baixo investimento.

No entanto, já há versões que surpreendem pelo realismo. Há um modelo desenvolvido pela Xiaoice que consegue interagir com o produto à venda, caso a transmissão ao vivo seja dedicada a um único produto.

Modelo de clone de inteligência artificial pode interagir com objetos

Especialistas acreditam que a novidade irá prejudicar influencers em ascensão e ajudar aqueles que já são estabelecidos. Afinal, continuarão estrelando os streamings apenas fornecendo a sua imagem. A inteligência artificial se encarrega do resto.

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Taysa Coelho
Taysa Coelho
Movida pela curiosidade, adora conhecer coisas novas e acredita que, por isso, se tornou jornalista. No tempo livre, gosta de ir à praia, ler, ver filmes e maratonar séries. Carioca formada pela UFRJ, atualmente vive em Portugal, país que adotou.
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