Antes mesmo do "boom" da Inteligência Artificial que plataformas como o ChatGPT causaram, o futebol já utilizava a tecnologia em recursos como o VAR e o Linha do Gol. Contudo, a IA pode ir além e chegar a substituir árbitros. É o que pensa Aldo Comi, executivo-chefe do Soccerment, fornecedor líder global de análises de futebol.
"Podemos chegar ao ponto em que não precisaremos de árbitro algum"
Para Comi, dentro dos próximos 30 anos os dados de alta qualidade e o crescente número de câmeras em campo podem fazer com que uma máquina alimentada por IA elimine a necessidade de um árbitro humano.
“A visão computacional será cada vez mais eficaz nos próximos anos e o número de câmeras em campo só aumentará”, explicou o CEO à agência de notícias PA. Segundo o profissional, a qualidade dos modelos treinados e a quantidade de dados marcados devem proporcionar a criação de IA capazes de tomar decisões de arbitragem. “Portanto, podemos chegar ao ponto em que não precisaremos de árbitro algum", afirmou.
Comi ainda explicou que esse processo deve acontecer aos poucos. E o primeiro passo seria a IA substituir os bandeirinhas. "Talvez eles sejam os primeiros a desaparecer do jogo. E você terá o árbitro conectado ao assistente virtual, orientando-o para tomar melhores decisões", destacou.
A partir daí, contudo, seria uma questão de 20 ou 30 anos para a IA substituir os árbitros, segundo teoriza o executivo. "Não estou dizendo que isso seja positivo, só estou dizendo que é provável que aconteça.”
IA também poderá ser usada como treinador virtual no futuro
Nada de se restringir à arbitragem. Com a melhoria da integração de dados e do aprendizado de máquina, a IA pode vir a ser usada como um treinador virtual. A ideia aqui, contudo, não seria substituir os treinadores humanos, mas sim oferece um suporte, uma espécie de treinador adjunto capaz de ajudar na escolha de táticas da equipe.
E como a IA poderia fazer isso? "Prevendo" o futuro. Mais especificamente, prevendo as diferentes possibilidades dos próximos minutos de jogo e sugerindo táticas para lidar com cada possibilidade. “Ao ter os dados analisados pela IA, você pode treinar modelos para entender melhor o que acontecerá no futuro, por exemplo, entendendo as probabilidades do que acontecerá nos próximos cinco ou 10 minutos", explica Comi.
De acordo com o CEO da Soccerment, a partir de uma análise preditiva, a IA poderia fazer uma análise prescritiva. "‘Espera-se que as coisas aconteçam assim, para melhorar suas chances, tenho 10 ideias’. Isso pode ser trocar dois jogadores ou mudar a estrutura do time. As coisas que a IA sugerir serão filtradas pelo treinador adjunto e depois passarão a informação ao treinador e caberá a ele aceitar", afirmou Comi, destacando a tecnologia como um suporte de qualidade, e não para substituir profissionais humanos.
Atualmente, a Soccerment atende diferentes clubes das Séries A e B com diferentes ferramentas. Comparando a chegada e a expansão da IA com a análise de dados, o CEO disse estar ciente de que é necessário algum tempo para que as pessoas confiem na nova tecnologia. "Mas da mesma forma que acontece com a análise de dados, há casos positivos suficientes para dizer que você pode superar os outros. A vantagem que a IA pode oferecer é mais importante do que a análise de dados.”
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