Disney criou força-tarefa para trabalhar IA e cortar custos

Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo

A Walt Disney criou uma equipe de força-tarefa para estudar o uso de inteligência artificial em diferentes áreas do seu conglomerado de entretenimento. Isso inclui o desenvolvimento de personagens interativos em seus parques e recursos de efeitos especiais em seus filmes.

A informação é da agência de notícias britânica Reuters e chega em um momento em que roteiristas e atores seguem em greve, lutando por direitos e regulamentação adequada do uso de IA na indústria do cinema.

Disney tem vagas abertas para trabalhar com IA

De acordo com a Reuters, três fontes confirmaram que a força-tarefa de IA da Disney teve início no começo deste ano, mesmo antes de a greve dos roteiristas e atores começar em Hollywood. Contudo, outros indícios apontam para o interesse da empresa do Mickey seguir desenvolvendo inteligência artificial em seus empreendimentos.

Um deles é o fato de haver 11 vagas de empregos abertas para profissionais com experiência em inteligência artificial ou machine learning. As vagas são destinadas a diversos setores da empresa. Isso inclui a Walt Disney Imagineering, responsável pelo design, desenvolvimento e construção dos parques temáticos Disney.

As vagas também abrangem a equipe de publicidade da Disney, com um dos anúncios de emprego destacando a intenção de construir um sistema de anúncios movido por IA de "próxima geração".

Um futuro sem IA parece inevitável, mas o fator humano não pode perder seu valor

Grevistas protestam em frente ao The Walt Disney em maio (Imagem. Shutterstock / Ringo Chiu)

Uma das fontes da Reuters, que preferiu ficar em anonimato, explicou que as grandes empresas de mídias precisam descobrir como trabalhar com IA se não quiserem se tornar obsoletas. Os diferentes recursos da ferramenta poderiam cortar grandes custos na produção de filmes e programas de televisão.

Discussões sobre novas tecnologias x trabalho humano sempre existiram em períodos de mudanças em diferentes setores do mercado. Não é contra o uso de IA, porém, que roteiristas e atores estão lutando na greve em Hollywood. Mas sim contra um possível abuso e exploração do trabalho humano para ampliar ainda mais o corte de custos que a IA já pode proporcionar.

Segundo os supervisores de efeitos visuais do mais recente filme da franquia Indiana Jones, mais de 100 artistas trabalharam durante três anos para alcançar o efeito de rejuvenescimento do ator Harrison Ford. Isso mudará rapidamente com o desenvolvimento de tecnologias de IA.

Outro ponto que preocupa os grevistas é a exploração da imagem de figurantes para criar versões digitais. O receio é de que essas versões poderiam ser adaptadas a outras cenas sem que os atores precisassem voltar ao set para gravar (e receber por isso).

CEO da Disney não concorda com demandas dos grevistas

CEO da Disney, Bob Iger não concorda com demandas dos grevistas (Imagem: Shutterstock / Silvia Elizabeth Pangaro)

Em julho, os atores se uniram aos roteiristas na maior greve de Hollywood desde os anos 1960. Na ocasião, o CEO da Disney Bob Iger declarou que as demandas dos grevistas não estavam sendo realistas. Em entrevista ao a CNBC, o executivo da Disney afirmou:

"Entendo o desejo de qualquer organização trabalhista de trabalhar a favor de seus membros para ser compensado de forma justa com base no valor que entregam. Nós conseguimos, como uma indústria, negociar um ótimo acordo com o sindicato dos diretores que reflete o valor que os diretores contribuem a este grande mercado. Queremos fazer o mesmo com os roteiristas, e gostaríamos de fazer o mesmo com os atores. Há um nível de expectativas que eles possuem que não é realista. E eles estão adicionando aos desafios que essa indústria já enfrenta, o que é, francamente, muito perturbador."

As paralisações seguem lutando por pagamentos mais justos, melhores condições de trabalho e uma regulamentação do uso de IA com limites estabelecidos e compensações por uso de imagem.

Recentemente, Bob Iger renovou seu contrato com a Disney. De acordo com informações do site Variety, o CEO deve ganhar até 27 milhões de dólares apenas em 2023.

O trabalho com IA não é novidade na Disney

O recente lançamento de chatbots como o ChatGPT e o crescimento do uso de IA generativa para imagens e recursos de vídeo têm chamado bastante atenção para a IA. Mas o uso da tecnologia e o estudo sobre seu desenvolvimento já não é uma novidade para empresas como a Disney há um bom tempo.

De acordo com informações do site da Disney Research, na Suíça, a empresa vem explorando IA, novas tecnologias de efeitos visuais e machine learning há cerca de dez anos. De lá para cá, já foi possível desenvolver "humanos digitais" descritos como indistinguíveis em comparação a suas versões reais.

A informação, contudo, destaca que a tecnologia não é usada para substituir atores, mas sim para aumentar a precisão do uso de efeitos digitais. A tecnologia, inclusive, já foi usada em mais de 40 filmes do estúdio, incluindo Pantera Negra: Wakanda para Sempre.

Em declaração a Reuters, um ex-executivo da Disney declarou: “A pesquisa de IA na Disney remonta a muito tempo e gira em torno de todas as coisas que você vê sendo discutidas hoje: podemos ter algo que nos ajude a fazer filmes, jogos ou robôs de conversação dentro de parques temáticos com os quais as pessoas possam conversar?”.

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Sabryna Esmeraldo
Sabryna Esmeraldo
Sabryna trabalha com comunicação há mais de dez anos e especializou-se a produzir conteúdos e tutoriais sobre aplicações e tecnologia. Consumidora ávida de streamings e redes sociais, adora descobrir as novidades deste mundo.
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