A China emitiu uma ordem para que todas as autoridades de agências do governo central não usassem iPhones e outros smartphones de marcas estrangeiras para trabalhar.
De acordo com o Wall Street Journal, que noticiou a nova medida do governo chinês, a ordem pede que os funcionários sequer levem dispositivos que não sejam de marca chinesa para ambientes de trabalho.
China busca autossuficiência em tecnologia e tensões sinoamericanas aumentam
Há mais de dez anos, a China tem implementado medidas que buscam reduzir a dependência do país em relação a tecnologias estrangeiras. Além dos grandes incentivos e investimentos no desenvolvimento de tecnologia própria, como iniciativas voltadas para alcançar essa autossuficiência, o país asiático também pediu para que empresas afiliadas ao Estado, como bancos, passem a usar software nacionais e promovam a produção nacional de chips semicondutores.
Em 2020, essa campanha foi intensificada em Pequim quando os governantes propuseram o modelo de crescimento Dupla Circulação. O objetivo era diminuir a dependência de mercados e tecnologia estrangeiros, motivado pela intenção de fortalecer a economia do país e estimular sua própria indústria, mas também em um contexto de preocupação com a segurança de dados.
As decisões da China, contudo, têm causado tensões com os Estados Unidos. Com a recente proibição do uso de iPhones em órgãos do governo chinês, diferentes analistas destacaram que a medida demonstrou que o país não deve poupar nenhuma empresa estadunidense, mesmo uma gigante comercial como a Apple.
"Mesmo a Apple não está imune... na China, onde emprega centenas de milhares, senão mais de um milhão de trabalhadores, para montar os seus produtos através do seu relacionamento com a Foxconn", declarou Tom Forte, analista da D.A. Davidson. Para o analista, a medida mais recente da China deveria estimular empresas estrangeiras a também buscarem independência do mercado chinês, a partir da diversificação de sua cadeia de abastecimento, antes que as tensões piorem.
De acordo com informações da agência de notícias Reuters, a secretária de Comércio dos Estados Unidos Gina Raimondo fez uma visita a China na semana passada. Na ocasião, ela acusou o segundo maior país do mundo a usar medidas como multas, ataques e outras ações que estariam tornando a negociação cada vez mais arriscada. Segundo Raimondo, as empresas norte-americanas estão se queixando de que a China se tornou "ininvestível".
É importante destacar, contudo, que as medidas ou "ataques" parecem ser de mão dupla. Mesmo a restrição mais recente da China parece refletir proibições semelhantes aplicadas pelos Estados Unidos contra a fabricante chinesa de smartphones Huawei Technologies (HWT.UL) e a plataforma de vídeos curtos TikTok, de propriedade da chinesa ByteDance.
Além disso, a Reuters ainda relatou que Washington está trabalhando com aliados para bloquear o acesso da China a equipamentos necessários para a competitividade da sua indústria de chips. Enquanto isso, Pequim está restringindo os envios de importantes empresas norte-americanas, incluindo a fabricante de aviões Boeing (BA.N) e a empresa de chips Micron Technology (MU). .O).
China é um dos maiores mercados da Apple
Em informações já divulgadas anteriormente, a China figura como um dos maiores mercados da Apple, sendo responsável por até um quinto da receita da empresa. Contudo, o analista da CFRA Research Angelo Zino acredita que a companhia cupertina não precisa se preocupar imediatamente com a nova proibição do país asiático.
Para o analista, a popularidade do iPhone na China ainda é grande o suficiente para que a empresa não sinta nenhum impacto imediato nos lucros. Vale lembrar que a proibição acontece a apenas alguns dias do próximo grande evento anual da Apple.
No dia 12 de setembro, o Apple Special Event deve anunciar o lançamento da linha de iPhones 15 e de outros aguardados produtos. Embora a preocupação imediata não esteja na redução do interesse do consumidor chinês, há receios crescentes quanto às empresas estrangeiras que operam na China, o aumento das tensões sinoamericanas e quais outras medidas dos dois governos podem vir por aí.
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