ChatGPT cria e-mail com golpe assustadoramente convincente em minutos

Taysa Coelho
Taysa Coelho

O ChatGPT é capaz de criar e-mails convincentes simulando golpes de phishing em apenas cinco minutos. O feito foi descoberto em um estudo feito pela IBM X-Force, setor de segurança da empresa tecnologia.

A companhia realizou um teste com funcionários de uma empresa do ramo da saúde. Metade deles recebeu o e-mail gerado pelo chatbot de inteligência artificial. Já a outra metade, o conteúdo criado por humanos, totalizando, assim, mais de 1600 pessoas.

A versão criada pela equipe da IBM teve uma taxa de cliques de 14%, contra 11% daquela gerada por IA. A diferença de apenas 3% se torna ainda mais relevante quando se considera o tempo que o serviço levou para produzir o texto: apenas cinco minutos.

Para desenvolver um golpe semelhante um ser humano levaria cerca de 16 horas, informou Stephanie “Snow” Carruthers, Hacker-Chefe da IBM X-Force, no site Security Intelligence.

E-mail criado com apenas 5 comandos

A partir de apenas cinco comandos, o ChatGPT criou um e-mail simulando um golpe de phishing de forma convincente. Foi pedido que a mensagem priorizasse preocupações de profissionais da área da saúde e que o conteúdo passasse confiança e autoridade.

Também foi solicitado que usasse de técnicas de marketing, como personalização e call-to-action (chamada para ação, em livre tradução), e fosse assinado por um gerente interno de Recursos Humanos.

O resultado foi um falso golpe com um convite para os funcionários se inscreverem em um evento online que ajudaria no aperfeiçoamento profissional.

O texto tinha um tom empático e dizia que entendia que o tempo do funcionário é precioso. Mas também é persuasivo, afirmando que essa suposta oportunidade poderia ajudá-los a atingir um novo patamar na careira.

Já o falso e-mail de phishing criado pela equipe da IBM usou como estratégia simular uma pesquisa interna com cinco perguntas, que seria supostamente acessada ao clicar no link enviado.

Homem x IA

Nessa “batalha”, o homem ainda ganhou do computador. Mas foi por pouco. A estratégia humana teve um pouco mais de aceitação e 14% dos funcionários que receberam o e-mail clicaram no link enviado. Já o conteúdo do ChatGPT teve uma taxa de cliques de 11%.

Apesar de ter considerado os e-mails gerados por IA bastante persuasivos, Carruthers acredita que a versão humana enganou mais pessoas por detalhes. Entre eles, um texto mais direto, uso de um tema menos genérico e personalização, com o nome do destinatário na mensagem.

Os dois conteúdos, no entanto, levantaram suspeitas. E, mais uma vez, o chatbot foi derrotado. O e-mail foi denunciado por 59% dos funcionários que o receberam contra 51% daqueles que receberam o falso golpe gerado por humanos.

O que é phishing?

O phishing é um dos golpes online mais usados na internet, em que criminosos se passam por instituições legítimas para tentar roubar informações de suas vítimas. Entre elas, dados bancários, de login e senhas.

O contato dos golpistas pode ser por e-mail, ligação telefônica (chamado de vishing) ou mensagem de texto (conhecido por smishing).

O site Phishing.org indica algumas características de e-mails maliciosos que os usuários devem estar atentos para evitar cair nesses golpes. São elas:

  • Promessas boas demais para serem verdade (promoções ou promessas de ganhar algo só ao clicar no link);
  • Remetente desconhecido;
  • Horário de envio incomum (de madrugada, por exemplo);
  • Links suspeitos (ao passar o mouse sobre o link, o endereço exibido na parte inferior do navegador é diferente daquele exibido no corpo do e-mail);
  • Mensagens com senso de urgência (se não clicar agora vai perder uma grande oportunidade, por exemplo).
  • Outra dica comum é ficar atento a textos mal escritos e com erros gramaticais. No entanto, como o experimento da IBM mostrou, isso pode estar ficando no passado.

“É um mito que os e-mails de phishing estejam repletos de erros gramaticais e ortográficos. Na verdade, as tentativas de phishing baseadas em IA muitas vezes demonstram correção gramatical”, alertou Carruthers.

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Taysa Coelho
Taysa Coelho
Movida pela curiosidade, adora conhecer coisas novas e acredita que, por isso, se tornou jornalista. No tempo livre, gosta de ir à praia, ler, ver filmes e maratonar séries. Carioca formada pela UFRJ, atualmente vive em Portugal, país que adotou.
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