O descarte inadequado de eletroeletrônicos e eletrodomésticos tem se tornado um dos principais desafios ambientais urbanos do Brasil, impulsionando entidades como a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos) a intensificarem campanhas de conscientização e a expandirem a rede de pontos de recebimento desses materiais no país.
De acordo com a própria ABREE, o Brasil gera anualmente cerca de 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico, segundo dados da Organização das Nações Unidas. Entretanto, menos de 3% desses resíduos são reciclados de forma adequada. Para enfrentar esse problema, a associação atua em parceria com empresas, varejistas e governos para garantir a destinação correta dos equipamentos descartados, além de promover o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
A logística reversa, mecanismo que permite o retorno dos produtos usados para o ciclo produtivo, é apontada por especialistas como o principal caminho para evitar a contaminação ambiental causada por substâncias tóxicas presentes nesses materiais, como mercúrio, chumbo e cádmio. Esses elementos, ao entrarem em contato com o solo e a água, representam riscos para a saúde humana e a biodiversidade.
Apesar de iniciativas em andamento, a desinformação sobre o processo ainda é um obstáculo. Um levantamento conduzido pela ABREE indica que muitos brasileiros acreditam, de forma equivocada, que apenas produtos em bom estado podem ser reciclados. A entidade reforça que mesmo itens antigos ou quebrados podem ter partes reaproveitadas, como plásticos, metais e placas eletrônicas.
A associação também desmistifica a ideia de que o descarte em pequenas quantidades é inofensivo. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o acúmulo contínuo de resíduos eletrônicos mal descartados pode provocar impactos ambientais significativos, principalmente em centros urbanos, onde o volume de consumo é maior.
Hoje, já existem mais de 4 mil pontos de recebimento de eletroeletrônicos e eletrodomésticos espalhados pelo Brasil, presentes em grandes redes de varejo e centros de coleta. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Recife concentram a maior parte das unidades, mas há planos para expansão em regiões do Norte e Centro-Oeste.
Especialistas apontam que o consumidor também tem papel central na sustentabilidade do setor. O engajamento da população com práticas corretas de descarte contribui não apenas para a redução do lixo tecnológico, mas também para o fortalecimento da chamada economia circular, em que recursos retornam ao ciclo produtivo, diminuindo a extração de matérias-primas.
Para facilitar o acesso a informações, a ABREE disponibiliza uma plataforma online onde os consumidores podem localizar o ponto de coleta mais próximo. A expectativa da associação é aumentar o índice de reciclagem nos próximos anos com ações educativas e expansão da rede de coleta em todo o território nacional.
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