Assustador: Ray Ban Meta é modificado para identificar dados de estranhos

 William Schendes
William Schendes

Os óculos Ray-Ban da Meta foram conectados a um sistema de reconhecimento facial para identificar os rostos de estranhos na rua. A modificação dos smart glasses (óculos inteligentes), que levanta preocupações sobre privacidade, foi projetada por dois estudantes da Universidade de Harvard.

Nos vídeos publicados nas redes sociais, os estudantes demonstram que o sistema é capaz de identificar instantaneamente estranhos em público e encontrar informações na internet, como números de telefone, endereços e até números de previdência social.

Ray Ban Meta é modificado para identificar dados de qualquer pessoa na rua
(Imagens: Reprodução/ YouTube; Montagem: TechShake)

AnhPhu Nguyen, um dos criadores da modificação, explica que o software utilizado é chamado de I-XRAY. Ele aproveita a capacidade dos óculos Ray-Ban Meta de transmitir vídeos ao vivo para o Instagram e integra o software de reconhecimento facial PimEyes.

O sistema de reconhecimento facial monitora a transmissão para a rede social e utiliza inteligência artificial (IA) para detectar rostos de estranhos na rua. Em seguida, o software usa o algoritmo do PimEyes para identificar indivíduos e descobrir informações pessoais na internet, como artigos online e dados em sites como o FastPeopleSearch, que coleta informações publicamente disponíveis.

Com essa pesquisa, o software consegue coletar informações como nomes completos, números de telefone, endereços residenciais, perfis de redes sociais e muito mais.

Nguyen e seu colega de universidade, Caine Ardayfio, revelaram que conseguiram descobrir informações de dezenas de pessoas, incluindo estudantes de Harvard, sem que elas soubessem.

Os estudantes afirmam que não têm intenção de comercializar essa tecnologia. Pelo contrário, o objetivo é demonstrar como óculos inteligentes podem ser usados de forma maliciosa. Nas mãos de golpistas, essa tecnologia poderia facilitar uma série de fraudes.

Nos vídeos, Caine Ardayfio e AnhPhu Nguyen utilizam a tecnologia para abordar pessoas desconhecidas e iniciar conversas usando as informações coletadas. Em um exemplo, eles puxam conversa com um homem que defendia os direitos de minorias da Índia. Em outro momento, eles questionam a uma mulher se o endereço de sua casa e o nome de seus pais estão corretos - e ela confirma.

Ray Ban Meta usado para identificar informações pessoais
Mulher confirma que o endereço identificado pelo I-XRAY é de sua casa. (Reprodução: YouTube)

Se dois estudantes conseguiram projetar um sistema como esse, imagine o que grandes empresas de tecnologia, com bilhões de dados de usuários, poderiam desenvolver. Felizmente, órgãos reguladores em todo o mundo não permitiriam o lançamento de produtos que violassem os direitos de privacidade das pessoas.

Dá pra se proteger de tecnologias como o I-XRAY?

Segundo os criadores do I-XRAY, há algumas recomendações para se proteger dessa e de outras tecnologias semelhantes.

Para evitar a exposição de dados pessoais através de doxing — prática em que agentes mal-intencionados rastreiam a internet para identificar informações sem consentimento — é recomendado solicitar a remoção de agregadores de dados como FastPeopleSearch e CheckThem, além de bancos de dados de reconhecimento facial como PimEyes e FaceCheck ID.

No entanto, é improvável que informações de brasileiros estejam disponíveis nessas plataformas online. Para nós, a principal fonte de busca de informações pessoais continua sendo o Google. Neste ano, a gigante das buscas apresentou um novo recurso para os usuários brasileiros, permitindo a remoção de dados pessoais de suas pesquisas. Saiba como remover dados pessoais do Google.

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 William Schendes
William Schendes
Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Escreve sobre tecnologia, games e ciência desde 2022. Tem experiência com hard news, mas também produziu artigos, reportagens, reviews e tutoriais.
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